21.6.16

Antes de Desembarcar...



Olhei incrédula para o meio do vagão.  Quem diria que depois de tantos anos, a gente ia se encontrar aqui? Mesmo que por poucos minutos trilhando o mesmo caminho até a estação.
E lá estava você,  com seu cabelo castanho e seus óculos quadrados levemente arredondados. Exatamente como no primeiro ano do colegial. Enquanto eu tinha mudado tanto,  nos últimos três anos,  que achava que você não iria nem me reconhecer
Andei decididamente até você, rezando para não desequilibrar dos meus saltos altos. Te chamei pelo nome, não resisti a tentação. 
Alguns tímidos movimentos. Um beijo na bochecha e um abraço sem sentido. Pelo menos você lembrava de mim. Perguntei de algumas garotas, que antes, eram suas amigas. E olha só, que surpresa! Para você minha vida parecia uma aventura a cada dia. E sua vida, para mim, parecia uma chatice. Alguns elogios,  algumas risadas e coincidências. Nós dois solteiros. E na mesma cidade. Estou pensando em te chamar para aquela festa de sábado na República...
O trem para bruscamente.  Tropeço em você.  Você me abraça. E meus Deus! Finalmente me beija. Tento retribuir com toda a intensidade esse beijo. Quantas vezes você podia ter me beijado antes? E porque resolve me beijar justo agora? Lembro de quantas vezes imaginei como seria e quanto tempo esperei por isso.  O quê acaba me entediando. As pessoas nos encaram como se estivéssemos fazendo algo totalmente errado. Eu não ligo. Você me encara também, agora querendo saber se tem algo errado. Estamos quase chegando na estação de desembarque.  Você me puxa,me pedindo mais um beijo. Eu não nego.
Quem eu estou tentando enganar? Eu não estava entediada porque o trem esta demorando para chegar na estação.  Um último selinho, paramos o beijo. Você me diz:
- Você é incrível!
Eu sorrio, feliz por ter finalmente ouvido algo em que eu pudesse acreditar. E respondo:
- Sim, eu sou. Mas você devia ter percebido isso antes.
 Sem beijo de despedida, sem olhar para você uma última vez. As portas se abrem, eu desembarco do trem, com vontade de chorar e gritar ao mesmo tempo.
Eu não estava triste. Eu estava feliz. Feliz por finalmente ter te encontrado e ter percebido que eu podia ser mesmo incrível. Antes você falava que eu era sem graça, e agora, o sem graça é você.  Eu não tinha passado todo esse tempo esperando para saber se um dia você me acharia legal. Eu passei todo esse tempo tentando comprovar pra mim mesma que eu podia ser feliz sem você. Obrigada, agora sei que mereço uma companhia  melhor para a festa de sábado, você ainda é o mesmo idiota popular do colégio.
A nossa história finalmente acabou.  Eu não tenho príncipe, nem sapatinho de cristal. Mas você acabou somente com esse final. Enquanto eu posso dizer que terminei feliz.

2 comentários:

  1. Olá, tudo bom?
    Achei bem clichê, mas algo que devemos aprender. Não precisamos de ninguém para sermos felizes, além de nós mesmos. Vamos tentar se alegrar com aquelas poucas coisas que nos rodeiam e tentar ser feliz sem depender de ninguém, e é isso que estou tentando fazer agora!

    Sessão Proibida

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    Respostas
    1. Tudo sim, é mesmo... as vezes a gente precisa tentar ser feliz com o pouco que nos rodeia, ser feliz sem depender tanto dos outros para isso.

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